Yamaha PSR-620

Tipo: arranjador
Fabricante: Yamaha
Modelo: PSR-620
Ano de fabricação: 1995
Ano de entrada no set: 1997 - Saída: 2000
Avaliação: 9/10 ★★★★★★★★★☆



Em 1997, eu ainda tinha um Yamaha PSR-510, que meu pai me deu dois anos antes. Virava e mexia e lá estava eu, debruçado sobre o painel daquele instrumento, estudando cada detalhe dele - isso sendo um pré-adolescente, entre meus 12 e 13 anos de idade. Por algum motivo, meu pai achou que, naquele momento, era hora de eu conseguir "algo melhor", já que meus estudos de teclado vinham avançando bastante, e que em breve eu precisaria de ainda mais recursos. Aí, ficou decidido que o PSR-510 daria lugar a outro teclado e, no fim, o modelo escolhido foi o PSR-620.
Foram vários os marcos com esse instrumento. Meu primeiro com unidades de armazenamento - no caso, uma ranhura para cartuchos EEPROM e um disk drive; o primeiro que usei conectado a um computador via MIDI; o primeiro com o qual toquei num casamento; dentre outros.
Assim que liguei o novo teclado, naquele ano, a primeira coisa que reparei nele foi, de cara, o baita display LCD. Até então, nenhum instrumento meu tinha uma tela daquele tamanho. Isso é a normalidade nos dias atuais, mas naquela hora, era a mais pura novidade. Eu achava o máximo enxergar tudo: o nome do timbre escolhido; os níveis de volume de cada pista do acompanhamento, e até mesmo os ícones representando cada coisa ali; os tantos pequenos números que volta e meia surgiam na tela; tudo isso e mais um pouco. Fora que era uma tela com backlight laranja - antes dele, o máximo de "tela" que eu tinha visto num instrumento eram os três digitos LED do PSR-510. Eu olhava aquela tela e ficava tipo, "uau!!!"...
Outra coisa que logo reparei naquele instrumento foi o disk drive. Lembro de, anos antes disso, ter visto na escola um teclado com disk drive, durante uma apresentação do coro local. Os alunos estavam lá para assistir ao espetáculo e, casualmente, meu lugar na plateia ficou bem ao lado daquele Korg, cujo modelo agora não sei qual era (possivelmente um 01/WFD ou algo similar), e que estava fora do palco, disparando as trilhas para o coro. Vi aquele tecladão com um disk drive e, de certa forma, eu já estava habituado com aquilo. Mas ver um disk drive no meu próprio teclado foi de causar espanto... A ranhura para cartuchos EEPROM na parte de cima do painel também me chamou a atenção: até então, eu só tinha visto cartuchos em videogames. O que faria um cartucho num teclado? Fiquei com isso na cabeça naquele tempo. Aí fui descobrir que o dito cujo veio com um cartucho de brinde, e resolvi que queria colocá-lo lá. Mas acho que fiz errado, pois eu colocava o mesmo lá, e nada acontecia... Até que minha mãe viu aquilo e me mostrou o que faltava: empurrá-lo para baixo. Ela mesma fez isso e, ao fazê-lo, descobri mais estilos de acompanhamento automático (eu os usava bastante naquela época) e mais canções de demonstração. Legal...
Infelizmente só tenho uma foto desse instrumento, e mal dá para ver alguma coisa:

Ainda em 1997, pela primeira vez na vida, toquei num casamento - e era de uma pessoa da família. Eu ainda era aluno de teclado naquele tempo, prestes a voltar ao piano, já que avancei rapidamente por todos os módulos do curso. Um ano antes eu havia, pela primeira vez, tocado num grande palco; agora, eu estava tocando em um casamento. Já estava escrito: a música não era para mim apenas uma atividade qualquer. Eu estava me encaminhando ao profissionalismo - o que veio a acontecer três anos mais tarde.

Íntegra editada da participação no casamento em 1997

Em 1998, ganhei meu primeiro computador, um velho Pentium MMX 233MHz, com 32MB de RAM e executando Windows 95. Li sobre MIDI pela primeira vez no manual do PSR-510, e até cheguei a fazer um teste, usando aquele teclado + outro, cujo modelo agora não me vem à memória; talvez tenha sido um PSR-500 ou algo parecido. Mas foi com o PSR-620 + esse computador que, de fato, consegui entrar nesse novo universo. Nas primeiras vezes, tentei fazer a coisa toda com um programa bem antigo, o Passport MIDI Workshop, versão 1.0, para Windows 3.x. Era o que tinha no curso de teclado que eu frequentava - em 1998, eu já sabia usar computadores, e consegui, de alguma forma, uma cópia daquele programa, tirada lá do curso. Tempos depois, sentindo que faltava algo, consegui, de um amigo do meu pai, que tinha um estúdio, cópias tanto do Cakewalk Pro Audio 9.03 quanto do Sound Forge 4 (sim, aprendi sozinho a lidar com edição de áudio, me virando do jeito que dava). Resultado: a combinação PSR-620 + Cakewalk Pro Audio 9.03 + Sound Forge 4 abriu um mundo totalmente novo e inexplorado para mim. Eu estava sequenciando e gravando. Em 1998. Tudo começou ali.
O PSR-510 me mostrou muitas novas descobertas dentro do próprio instrumento; já o PSR-620 + o primeiro computador me propiciaram ir mais além, através da interface MIDI e dos programas. Quanto a recursos, o PSR-620 tinha um a menos em relação ao PSR-510: não podia criar os próprios estilos de acompanhamento automático, apenas carregar estilos prontos via disquete ou cartucho. No entanto, ele tinha mais timbres e, via MIDI, possibilitava uma infinidade de outras coisas.
Avançando bastante no tempo, entre o final de 1999 e o começo de 2000, um incidente pegou a família de surpresa: a casa foi arrombada e vários pertences foram levados. O atenuante era que tudo estava no seguro, inclusive o PSR-620. Com ajuda de parte do dinheiro do seguro, foi possível evoluir mais um pouco: meu pai, ao me ver trabalhando com o PSR-620 conectado àquele computador, e vendo que eu já tinha explorado tudo o que era possível naquele instrumento, arranjou um negócio que veio a definir minha vida de uma vez por todas, musicalmente falando: trocou o PSR-620 por um Technics sx-KN1500, que fazia tudo o que o PSR-620 fazia, com o bônus de ter uns 90 timbres a mais, a volta da possibilidade de criação de estilos de acompanhamento automático, dentre várias outras coisas.
Numa avaliação moderna, eu diria que a nota do PSR-620 seria um 9. O que achei falta nele: criação de estilos de acompanhamento (carregava, mas não criava). Um instrumento daquele porte precisava disso, mas, por alguma razão, o recurso não foi incluído. Mas como naquele tempo eu nem pensava em avaliar nada e só queria era fazer música com o instrumento e o computador, então...